Excesso de Acomodação | Falsa Miopia

Tempo de leitura: 6 min

Escrito por Tiago Zanette Silva

O que é o Excesso de Acomodação?

A acomodação é o processo de mudança da potência óptica do olho, permitindo que objetos observados distantes ou próximos sejam vistos com nitidez.

Isso ocorre devido à alteração da forma do cristalino (lente natural do olho). 

A teoria mais aceita a respeito do tema é a de Helmholtz*, que sugere que ao se contrair, o músculo ciliar produz um relaxamento das fibras zonulares, fazendo com que haja um aumento das curvas do cristalino e também da sua espessura central, por consequência, aumento do poder do cristalino.

O excesso de acomodação pode ser definido como uma resposta excessiva do mecanismo acomodativo. 

Sempre que são focalizados objetos em Visão de Perto (VP) a pessoa com excesso de acomodação força além do normal a sua visão e geralmente esse esforço excessivo está relacionado à maus hábitos visuais.

Prevalência

São poucos os estudos populacionais sobre a prevalência de excesso de acomodação.

Um estudo espanhol, desenvolvido por Porcar, 1997, que avaliou 65 estudantes universitários sem defeitos refrativos significantes, estrabismo ou ambliopia, achou uma prevalência de excesso de acomodação de 10,8%.

Outro estudo espanhol, realizado por Lara, 2001, avaliou uma população ambulatorial, revelou uma prevalência para excesso de acomodação de 6,4%.

Em estudo realizado na Coréia do Sul por Shin, 2009, a prevalência de excesso de acomodação foi de 2,6%, entre estudantes do ensino fundamental com sintomas de astenopia.

Em um estudo com 1.650 pacientes pediátricos, entre 6 e 18 anos de idade, em 1996, Scheimann evidenciou uma prevalência de insuficiência de acomodação e excesso de acomodação de 2,3% e 2,2%, respectivamente.

Ainda de acordo com Scheiman, 1996, em um estudo, que utilizou população específica se constatou que meninas apresentam maior chance de desenvolver excesso de acomodação e convergência do que meninos.

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O que Causas o Excesso de Acomodação?

Algumas pessoas, principalmente após o uso prolongado da visão de perto, não conseguem relaxar o músculo ciliar e a acomodação completamente.

Com o tempo isto pode se tornar crônico, causando uma pseudomiopia ou falsa miopia.

O músculo ciliar contrai e não consegue mais relaxar, permanecendo focado para a visão de perto e, consequentemente, embaçando a visão de longe.

No entanto, o excesso de acomodação está mais presente em paciente com hipermetropia, que para focar imagens de perto, acabam fazendo um esforço exagerado e podem sofrer espasmos nessas musculaturas.

Os esforços prolongados da visão de perto e maus hábitos visuais levam a paralisia ou perda da função da acomodação.

Geralmente trata-se de pacientes jovens, abaixo de 30 anos de idade, tensos e com sobrecarga emocional que são mais atingidos.

Outras causas podem ser:

Pode também estar associado com iridociclite, induzido por medicações (anticolinesterásicos usados no tratamento do glaucoma), pós-trauma, ou associado com distúrbio neurológico/psiquiátrico.

Sinais e Sintomas

Os sintomas dependem muito do tipo de anomalia associada, de acordo com Montés-Micó, os mais comuns são:

  • Astenopia (19%)
  • Visão desfocada na visão de longe (8,7%)
  • Dores de cabeça (7,9%)
  • Sensibilidade à luz (7,2%)
  • Dores de cabeça ao final do dia (7%)
  • Visão desfocada na visão de perto (5,9%)
  • Diplopia intermitente (4,6%)

A irritabilidade, perda de concentração e salto de letras e linhas quando se está a ler também são sintomas comuns para estes tipos de anomalias.

Os sinais clínicos geralmente incluem:

Diagnóstico

Alguns teste clínicos são realizados para que seja possível diagnosticar o excesso de Acomodação.

Quando há uma suspeita de que este problema pode estar presente, levando em consideração as queixas do paciente durante a anamnese, devem ser realizados os seguintes testes:

  • Amplitude acomodação (AA) – poderá se apresentar maior que a esperada.
  • Acomodação Relativa Negativa (ARN) – estará reduzida
  • Prova de MEM (retinoscopia de MEM) – se neutralizará com negativo.
  • Flexibilidade de Acomodação – apresentará dificuldade com lentes positivas.
  • Facilidade Acomodativaestará reduzida.

Podemos avaliar a acomodação de forma subjetiva com os seguintes testes:

  • Donders:

Técnica monocular, usando a tabela de perto a 50cm, solicitando ao paciente para ler a menor linha da tabela de perto interruptamente, vai se aproximando a tabela até o paciente enxergar borrado. Após isso mede-se a distancia do olho a tabela e com o resultado soma-se 0,75 dpt mais negativo (LAG) para chegar ao valor estimado da amplitude de acomodação.

  • Sheard:

Técnica monocular, com correção para perto, usando a tabela de perto uma linha acima da melhor acuidade visual a 33cm. Após isso vai-se adicionando lentes -0,25 até o paciente reportar visão borrada, ao resultado final acrescenta-se 3 dpt pois para enfocar a 33cm usamos 3 dpt.

Tratamento

A situação requer atenção redobrada do optometrista, para que na sua prática clínica, realize medidas precisas do sistema acomodativo.

É importante resaltar a necessidade de realizar um exame com a acomodação controlada através de técnicas dinâmica e compensações ópticas.

Considerando que sempre devemos realizar três métodos diferentes para poder confirmar adequadamente uma desordem do sistema acomodativo, o optometrista não deve prescrever a correção somente baseado nos resultados obtidos na retinoscopia estática ou nos dados do autorefrator.

Para o tratamento das anomalias acomodativas deve-se ter em conta os teste mencionados no tópico “Diagnóstico” e saber os valores normais de cada teste para cada distância e idade do paciente.

Em geral o tratamento é feito através da correção óptica adequada e também por meio de terapias visuais, ou seja, exercícios oculares que têm o objetivo de normalizar os seguintes parâmetros visuais:

  • Distância de trabalho
  • Flexibilidade de acomodação monocular e binocular
  • Amplitude acomodativa
  • Relação acomodação e vergência.

Vale lembrar que como profissional primário de saúde visual, o optometrista deve  saber avaliar todo o sistema que compõe a via visual e seus mecanismos.

Uma correção mal feita pode mascarar o problema ou ainda levar a piora dos sintomas iniciais do paciente.

Por isso sempre se deve realizar o protocolo completo de avaliação visual, pois somente assim é que podemos fechar um diagnóstico visual com precisão, entregando ao paciente a máxima qualidade.

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