Cuidados que o Diabético Deve Ter com os Olhos

Tempo de leitura: 7 min

Escrito por Tiago Zanette Silva

Diabetes e a visão

Quais os Cuidados que o Diabético deve ter com os Olhos é uma pergunta rotineira no dia-a-dia do meu consultório.

Mas a pergunta mais comum que toda pessoa que tem diabetes deveria se fazer é “tenho mesmo o risco de perder a visão?”

E infelizmente a resposta para essa pergunta é: SIM.

Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, diabetes é uma doença que atinge cerca de 347 milhões de pessoas.

É uma situação progressiva que não oferece grandes riscos ao paciente que mantém a doença sob controle, porém, quando isso não ocorre, a alta concentração de glicose é capaz de afetar seriamente os vasos sanguíneos do corpo.

Em relação à visão, o risco aumenta porque os vasos dos olhos são mais pequenos e delicados.

Não cuidar dos níveis de glicose no sangue, por meio de medicação, dieta e exercícios físicos, pode, a longo prazo, trazer graves prejuízos para a visão do diabético.

Quais os Problemas o Diabetes causa nos Olhos?

Taxas elevadas de “açúcar” no sangue podem provocar lesões nos vasos sanguíneos do olho, levando ao desenvolvimento de uma doença de retina chamada Retinopatia Diabética, uma doença complexa, capaz de provocar cegueira total.

Essa lesão nos vasos dos olhos costuma levar à uma hemorragia de retina, que normalmente provoca manchas e prejudicam visão.

Em casos iniciais mais simples, esses vasos podem ser “cauterizados” com um tratamento através da aplicação de laser.

Nessa situação, a mancha da retinopatia pode melhorar ou simplesmente estabiliza e não evoluir, porém, em quadros mais graves, quando a hemorragia é muito grande, o tratamento com laser pode não ter efeito e a pessoa perder a visão.

Outros problemas oculares podem estar associados à diabetes, tais como o Glaucoma, Catarata e Edema Macular, que também podem evoluir para cegueira.

Alguns dados Estatísticos

Dados mostram que diabéticos há 20 anos têm 90% de chance de ter algum grau de retinopatia, no entanto, esses problemas podem ser evitados e controlados se a diabetes estiver sob controle.

Segundo informações da Sociedade Americana de Diabetes, existe uma propensão 40% maior de pessoas com diabetes desenvolverem outras doenças oculares associadas como o Glaucoma, se comparadas às que não possuem a doença.

Sendo assim, quanto mais tempo os níveis de açúcar no sangue estiverem descontrolados, maiores as chances de desenvolver esses problemas.

As estatísticas são alarmantes, já que cerca de 40% das pessoas que sofrem com a doença, desenvolvem alterações de fundo de olho.

Principais Doenças Oculares em Pacientes com Diabetes

Retinopatia Diabética

retinoparia diabética

retinoparia diabética

A grande inimiga dos olhos do diabético é a Retinopatia Diabética. 

Esta doença pode atingir tanto pacientes de diabetes tipo 1 quanto de tipo 2, independentemente da idade.

Ela surge quando os pequenos vasos sanguíneos que irrigam a retina passam a ficar danificados por conta do acúmulo de açúcar no sangue, provocando edemas e hemorragias na retina.

Um material é depositado nos vasos sanguíneos da retina, provocando alterações, difïcultando a circulação e fazendo com que esses vasos fiquem deformados. Essa situação provoca a formação de microaneurismas, que podem causar alterações na retina.

Ao longo do tempo, com o nível de açúcar sempre elevado no sangue, esses vasos sanguíneos podem ser prejudicados, passando por três etapas:

Retinopatia de fundo: minúsculas protuberâncias desenvolvem-se nos vasos sanguíneos, que podem sangrar um pouco, mas geralmente não afetam a visão.

Retinopatia pré-proliferativa: alterações mais graves nos vasos sanguíneos, incluindo sangramento mais significativa para o olho.

Retinopatia proliferativa: novos vasos sanguíneos são desenvolvidos na retina. Porém eles são fracos e sangram facilmente. Isso pode resultar na perda de visão.

O lado positivo é que, se o problema for detectado cedo, as chances de a retinopatia se agravar são praticamente nulas. 

Glaucoma

O glaucoma é caracterizado pelo aumento da pressão dentro do olho. Com o tempo, esta pressão alta danifica o nervo ótico, que pode levar a perda da visão lateral do seu olho.

A visão é gradualmente perdida, porque a retina e o nervo estão danificados.

Seu tratamento pode ser feito com o uso diário de colírios para baixar a pressão no olho, mas por vezes o oftalmologista pode indicar uma cirurgia a laser.

O ideal, claro, é fazer uma avaliação visual completa para que o profissional faça a avaliação mais detalhada e oriente a melhor conduta para cada caso.

Catarata

Olho com Catarata

Olho com Catarata

A doença, que deixa o cristalino (lente natural dos olhos) opaco, diminuindo progressivamente a visão, pode atingir pessoas com ou sem diabetes.

Porém, aquelas que estão com os níveis de açúcar descontrolados, são 60% mais propensos a desenvolver a catarata.

A quantidade excessiva de glicose no sangue provoca uma alteração na nutrição do cristalino o que causa uma mudar a sua forma e flexibilidade, diminuindo a capacidade de foco.

Nessa situação a visão fica embaçada, no entanto, quando o diabetes está controlado, a visão volta ao normal.

Para quem foi diagnosticado com catarata de nível leve, o indicado é usar óculos de sol frequentemente e lentes de controle de brilho nos óculos de grau.

Já para a situação que interfere muito na visão, o procedimento costuma ser a cirurgia de catarata, que consiste na remoção do cristalino, que é substituído por uma lente artificial.

Saiba mais clicando aqui

Edema Macular

Os pacientes acometidos de Retinopatia Diabética podem apresentar ainda o Edema Macular.

A visão fica distorcida, borrada, com surgimento de pontos escuros e flutuantes.

Este desenvolvimento da doença prejudica a parte principal da retina, conhecida como mácula, que é responsável pela visão central e pela identificação das cores.

O excesso de açúcar no sangue por longos períodos é o vilão do Edema Macular, pois provoca o acúmulo de líquidos e de proteínas na mácula, levando a um inchaço na região.

A hipertensão arterial (pressão alta), outro problema correlato do diabetes, também pode levar ao Edema Macular.

Como é feito o Diagnóstico?

O exame de fundo de olho através da oftalmoscopia direta é o mais simples para detectar a retinopatia diabética.

Em algumas situações pode ser necessário o exame de retinografia, ou OCT que se tratam de exames mais detalhados de imagem.

Se identificada alguma alteração durante o exame, o profissional deve indicar a consulta com especialista em retina e este, por sua vez, deve indicar o melhor tratamento e, principalmente, se preocupar em controlar a diabetes.

Tratamento Ocular para Diabéticos

Em casos de pacientes diabético as palavras e ordem são: prevenção e controle.

Sugere-se que o diabético deve fazer o exame de fundo de olho, pelo menos, uma vez por ano e precisa também manter a glicemia bem controlada como uma medida de prevenção.

Essa consulta anual tem o objetivo de identificar precocemente qualquer complicação ocular que possa surgir, e recomenda-se mesmo para quem ainda não apresenta nenhuma alteração ocular.

Sendo assim, os cuidados do paciente diabético relacionados à visão devem ser redobrados.

A melhor forma de lidar com essa situação é descobrindo o mais precocemente possível e, caso seja necessário, iniciar o tratamento adequado, pois as complicações oculares podem ser irreversíveis e existe grande chance de cegueira se não houver controle.

Dessa maneira, a estratégia mais indicada para impedir a progressão da doença para cegueira é através do controle diário das taxas de açúcar no sangue, bons hábitos alimentares, exercícios físicos e a realização de pelo menos uma consulta anual para avaliação de fundo de olho.

No entanto, em situações onde já existe algum prejuízo visual com microaneurismas ou micro hemorragias em retina, existem opções de tratamento como a fotocoagulação a laser de argônio e a vitrectomia.

Fotocoagulação a laser é o procedimento através do qual pequenas áreas da retina danificada são cauterizadas na tentativa de prevenir o processo de hemorragia.

O ideal é que esse tratamento seja administrado no início da doença, possibilitando melhores resultados., por isso é extremamente importante a avaliação periódica de fundo de olho.

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