O que é a Catarata?
O nome “catarata” tem origem do termo grego que utilizava a palavra “cataractos” para descrever uma corredeira de água a qual se torna branca, como na catarata madura.
Catarata é a denominação dada a qualquer opacidade do cristalino, que não necessariamente afete a visão. É a maior causa de cegueira tratável nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde, há 45 milhões de cegos no mundo, dos quais 40% são devidos à catarata.
Podemos classificar as cataratas em: congênitas, de aparecimento precoce ou tardio, e adquiridas, onde incluímos todas as demais formas de catarata inclusive a relacionada à idade. De acordo com a sua localização, poderá ser nuclear, cortical ou sub-capsular, e de acordo com o grau de opacidade, poderá receber a denominação de incipiente, madura ou hipermadura. A cegueira por catarata incapacita o indivíduo, aumenta sua dependência, reduz sua condição social, a autoridade na família e comunidade, bem como o aposenta precocemente da vida.
Prevalência
A prevalência de catarata se modifica conforme a idade e região estudada, aumentando com o envelhecimento. Na Índia e outros países tropicais, o aparecimento da catarata é mais precoce, ao passo que, em países de clima temperado, o seu desenvolvimento é mais frequente na população mais idosa (Noruega, Suécia).
Na Austrália, estima-se que, após os 40 anos de idade, a cada década a prevalência de catarata dobre a cada 10 anos de aumento de idade, e que na faixa de 90 anos todos estarão afetados.
Outro estudo de prevalência de alterações oculares,chamado Los Angeles Latino Eye Study, de 2004, examinou pessoas de origem latina e principalmente mexicanos na cidade de Los Angeles, EUA. Encontrou-se prevalência de catarata (incluindo todos os tipos) de 19,1%, e variação de 3,0% nas pessoas de 40 a 49 anos até 81% naquelas com mais de 80 anos de idade.
Nesses estudos, também se encontrou variação quanto ao sexo, onde a maior incidência foi no sexo feminino. Os achados concordam com a história natural da doença e associam o envelhecimento com o aparecimento da catarata.
Quais as Causas da Catarata?
As causas não estão bem definidas, porém estudos epidemiológicos revelam associação de catarata à idade. Assim, estima-se que 10% da população norte-americana têm catarata e que esta prevalência aumenta em 50% no grupo etário de 65 a 74 anos, enquanto em pessoas acima de 75 anos a incidência aumenta para 75%.
Fatores de risco que podem provocar ou acelerar o aparecimento de catarata:
- Medicamentos (esteróides, mióticos, antipsicóticos),
- Substâncias tóxicas (nicotina),
- Doenças metabólicas (diabetes mellitus, galactosemia, hipocalcemia, hipertiroidismo, doenças renais),
- Trauma,
- Radiações (Raios UV, Raio X, e outras),
- Doença ocular (alta miopia, uveíte, pseudoexfoliação),
- Cirurgia intra-ocular prévia (fístula antiglaucomatosa, vitrectomia posterior),
- Infecção durante a gravidez (toxoplasmose, rubéola),
- Fatores nutricionais (desnutrição).
Portanto, como prevenção, a educação pública tem papel relevante a fim de prevenir os fatores de risco, sabedores de que a população da terceira idade tem tendência a aumentar não somente no Brasil como também em todo o mundo.
Clasificação
As cataratas podem se dividir quanto ao local onde ocorra a opacidade:
Nuclear: Segundo Gerstenblit e Rabinowitz (2015), quando o cristalino apresenta uma catarata nuclear ele tem uma coloração amarelada ou marrom no centro. Esse tipo, normalmente afeta mais a visão de longe que a de perto. López e Jimeno (2012), afirmam que esse tipo tem uma incidência de 30%. Bowling (2016) afirma que se desenvolve lentamente, e vai desenvolver uma miopia por índice, devido a mudança de índice de refração das proteínas e das fibras nucleares.
Cortical: Gerstenblit e Rabinowitz (2015) afirmam que quando o cristalino apresenta catarata cortical, vai apresentar sinais como opacidades radiais ou tipo raio de roda na periferia, que se expandem envolvendo o cristalino anterior e posterior. Frequentemente é assintomática até que alterações centrais se desenvolvam causando ofuscamento. Sua frequência é maior que a catarata nuclear, (cerca de 50%). O brilho é o sintoma é o sintoma mais frequente. Normalmente esse tipo de catarata começa a formar os raios a partir do quadrante nasal inferior (Bowling, 2016).
Subcapsular: Segundo Bowling (2016), esse tipo de catarata é melhor visualizada por meio da retro iluminação contra o reflexo vermelho.
A catarata subcapsular anterior está localizada abaixo da cápsula do cristalino e está associada à metaplasia fibrosa do epitélio cristalino e se localiza na frente da cápsula posterior, tendo aspecto granular ou de placa com iluminação oblíqua da lâmpada de fenda, normalmente se vê preta e com células chamadas vacúolos, quando observada com retro iluminação; Os vacúolos são células inchadas que migraram do epitélio cristalino, semelhantes às vistas no pós-operatório de opacificação da cápsula posterior (Bowling, 2016).
Esse tipo é menos frequente, 20% entre os senis, mas é o que vai influenciar mais a perda visual, que se torna ainda maior quando o paciente está em condições de luz intensa devido à miose. Esse tipo de catarata também é comum em pacientes com distúrbios metabólicos (diabetes mellitus) ou tratados com corticosteróides, que podem não estar dentro da faixa etária da catarata senil (López e Jimeno 2012).
Voce sabia que existe um tipo de catarata que é referenciada devido a esta época do ano? Ela se chama Catarata em Árvore de Natal, este é um tipo raro de opacificação do cristalino caracterizado por depósitos policromáticos em forma de agulhas no córtex profundo e no núcleo do mesmo, que podem ser isolados ou associados a outras opacidades. As cores variam com o ângulo da luz incidente e predominam as cores vermelho e verde, o que justifica sua nomenclatura, já que a luminosidade e diversidade das cores remetem aos enfeites que comumente decoram as árvores de Natal.
Sinais e Sintomas
As queixas mais frequentes são:
- Diminuição da acuidade visual,
- Sensação de visão “nublada ou enevoada”,
- Sensibilidade maior à luz,
- Alteração da visão de cores,
- Mudança frequente da refração
Diagnóstico
Alguns testes clínicos são utilizados para que seja possível diagnosticar a Catarata. Os exames em que se pode avaliar o cristalino inclui o teste de Acuidade Visual e a visualização do cristalino por meio de oftalmoscópio, lanterna manual, lâmpada de fenda.
Tratamento
A cirurgia é um dos melhores tratamentos para a catarata, porém existem condutas terapêuticas que visam aguardar o melhor momento para fazer a cirurgia, em que os oftalmologistas prescrevem medicamentos como: hormônios, calcioterapia e vitaminas C e B, na expectativa de um possível retardo evolutivo.
Referências
López, Miguel José Maldonado; Jimeno, José Carlos Pastor; Guiones De Oftalmología; McGraw-Hill/Interamericana de España, S.L.; 2012.
Gerstenblith, Adam T., Rabinowitz, Michael P.; Manual de doenças oculares do Wills Eye Hospital: diagnóstico e tratamento no consultório e na emergência; 6. ed. Artmed, 2015.
Bowling, Brad; Kanski. Oftalmología clínica – OCTAVA EDICIÓN; Elsevier Limited; 2016.
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