O que é Miopia?
A dúvida sobre o que é miopia é uma das mais comuns.
A miopia caracteriza-se pela dificuldade de enxergar, com nitidez, objetos localizados distantes do observador.
Sendo assim, em olhos míopes existe uma potência refrativa excessiva (é como se o olho fosse “forte” demais – entenda como forte, ” + “) de maneira que a luz, ao atravessar os meios transparentes do olho (córnea, humor aquoso, cristalino, humor vítreo), é convergida e forma o ponto de foco antes da retina.
É por isso que para corrigir a miopia usa-se lentes divergentes, ou seja, lentes negativas, com sinal de ” – ” na frente do valor do grau, para diminuir a potência do olho.
Como mostra a imagem ao lado, no ponto focal da luz, dentro do olho, a imagem se percebe nítida, porém na retina a imagem será formada de maneira turva.
A pessoa com miopia normalmente recorre inconscientemente a algumas ações que ajudam a melhorar a visão, como por exemplo, fechar levemente os olhos, diminuindo a quantidade de luz que entra.
Esse mecanismo é conhecido como efeito estenopeico, e é por isso que é comum ver pessoas franzindo a testa para poder enxergar melhor.
Prevalência
Inúmeras pesquisas já foram realizadas sobre o tema, porém os dados podem variar devido às várias metodologias utilizadas.
Varia ainda de acordo com a faixa etária dos pacientes, bem como segundo a etnia, sendo mais presente em crianças e adultos jovens e, maior em asiáticos que europeus.
Em estudos feitos com escolares de Taiwan indicaram uma prevalência de 56% de míopes aos 12 anos de idade e aos 18 anos, uma prevalência de 84%.
Nos EUA a prevalência encontrada em outro estudo foi de 25,7% em escolares entre 12 e 17 anos de idade, sendo que na população negra foi menor, 11,7%.
O que causa a Miopia?
Não existe uma única causa para a miopia, podendo se desenvolver por causas ambientais ou mesmo genéticas.
São significativos para o seu desenvolvimento os seguintes fatores:
- Relação entre o esforco visual para perto e uma fraca acomodação.
- Predisposição hereditária.
- Relação entre a pressão intra-ocular e debilidade escleral.
Pode ser classifica como:
- Miopia axial
- Miopia de índice
- Miopia de curvatura.
A miopia por curvatura relaciona-se com as curvas das superfícies da córnea e/ou cristalino, as quais têm seu raio de curva menor que o normal, fazendo com que os raios de luz que entram no olho sejam convergidos e formem o ponto focal antes da retina.
No entanto, a miopia de índice está relacionada com a mudança do índice de refração, normalmente do cristalino, em paciente idosos em fase inicial de desenvolvimento da catarata.
Doenças sistémicas como a diabétes também pode produzir alterações de refração que podem variar cerca de 2 Dioptrias (graus).
Estudos têm sugerido que o esforço visual em atividades em Visão de Perto (VP), associados à defeitos refrativos, que levam à visão turva, durante o período de crescimento do globo ocular, faria com que o eixo ânteroposterior se tornasse mais alongado, característica da miopia axial.
Quanto a predisposição hereditária, pode ser autossômica dominante ou recessiva.
Na miopia autossômica dominante a miopia se desenvolve tardiamente na infância e usualmente não atinge altos graus.
Por outro lado, a miopia autossômica recessiva é característica de comunidades com alta frequência de consanguinidade, mas também está relacionada a alguns casos esporádicos.
A debilidade da esclera pode estar relacionada à defeito na produção de colágeno, a qual pode ser congênita ou resultante de doenças sistêmicas.
Existe uma resposta inadequada ao crescimento do globo ocular e consequente alongamento, mesmo com a pressão intra-ocular normal.
O alongamento se localiza principalmente na porção posterior do globo, levando à alterações de coróide e retina.
Existe maior influência das causas ambientais e genéticas sobre a fase inicial da miopia, enquanto que sobre os estágios mais avançados é mais frequente a debilidade escleral a principal influência, causando sua progressão.
Sinais e Sintomas da Miopia?
Todas as queixas relatadas pelo paciente são consideradas como sintomas da ametropia, sendo algo subjetivo que o profissional não consegue observar, algo exclusivamente percebido pelo sujeito.
É comum na miopia queixas sintomáticas de:
- Visão desfocada para longe.
- Dor de cabeça devido à tensão produzida pelo semi fechamento palpebral que é feito para tentar melhorar a visão de longe.
- Maior necessidade de concentração na direção.
- Dificuldade de dirigir principalmente à noite.
- Fotofobia devida à midríase pupilar ou à dispersão da luz nos meios oculares.
Podem haver casos de baixo desempenho escolar, mais frequente em crianças, sem que se queixem de problemas de visão.
É comum o paciente tentar compensar a visão turva com o semi fechamento palpebral ou franzindo a testa e piscando os olhos de forma mais frequente.
Porém, em visão de perto apresenta boa Acuidade Visual excluindo casos de presbiopia ou astigmatismos.
Diagnóstico
As sintomatologias são aspectos a serem comprovados através de exames e avaliações objetivas a fim de obter informações conclusivas a respeito do problema.
Existem profissionais como optometristas e oftalmologistas com vários métodos e instrumentos que permitem tal avaliação e, para comprovação da sintomatologia de visão embaçada, deve ser medida a Acuidade Visual (AV) de longe do paciente.
De um modo geral, essa medida é feita através do reconhecimento de letras ou outro tipo de optotipos de diferentes tamanhos, projetados a uma distância específica.
Para crianças, podem ser utilizados optotipos mais chamativos como animais ou outros desenhos.
O profissional deve levar em consideração o histórico de saúde do paciente, questões sobre o início dos distúrbios visuais, seu tipo de atividade e história familiar de miopia.
No que diz respeito ao aspecto do globo ocular, este é totalmente normal tanto em tamanho como no seu aspecto fundoscópico, exceto em casos de miopia patológica.
Como é sabido, no caso da miopia verifica-se que a Acuidade Visual de longe está diminuída e o sujeito não consegue acomodar para melhorar a visão.
Podem verificar-se alterações na relação acomodação/convergência já que, para ver nítido, os míopes aproximam muito os objetos do rosto, o que exige maior convergência.
Estando esta ligada à acomodação e, tendo em conta que na visão de perto o esforço acomodativo que o míope faz é menor que num emétrope, sabe-se que um míope converge mais e acomoda menos.
Desta forma, pode existir uma insuficiência de acomodação e, consequentemente, uma exoforia ou, em casos mais extremos, um estrabismo divergente.
Tendo em conta a menor função acomodativa do míope, acredita-se que a presbiopia pode aparecer tardiamente se comparado com olhos emétropes ou hipermétropes.
Quando existir suspeita de paresia ou espasmo acomodativo o paciente deve ser submetido a refração sob cicloplegia.
Caso a correção óptica não produza acuidade visual normal, deve ser considerada a possibilidade de ambliopia ou lesões orgânicas.
Todas as crianças em fase pré-escolar, mesmo sem sintomas, devem realizar um exame visual.
Tratamento
De um modo mais geral, o erro refrativo de um míope é compensado com lentes negativas, sejam oftálmicas ou de contacto.
As lentes negativas montadas em óculos têm a característica de apresentarem o centro mais fino que a sua periferia.
Dessa maneira, quando o “grau” de miopia é muito alto a borda das lentes costuma ficar grossa, prejudicando a estética do óculos.
Nessa situação, lentes com elevado índice de refração pode ser uma boa opção para quem tem dificuldades em usar lentes de contato.
Existe possibilidade de cirurgia refrativa quando considera-se que a miopia já está estável em um determinado periodo de tempo sem alteração.
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